segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Neste tema em que me prolongo

Meu pequeno senhor,

Venho por meio dessas singelas palavras,
que, embora pareçam, não têm qualquer tom jocoso,
intenção ambígua,
ou excesso de zelo,
agradecê-lo por tirar-me o sono.

Desde que o escuro começou a reverberar sua presença,
ando a me pegar num êxtase tão complexo
que não raro meu corpo expande
os limites do leito desarrumado.

Hesito em expelí-lo em meus lençois,
certo de que não haverá frestas adequadas para arrancá-lo de vez.
Será necessário parí-lo?
E onde te cultivaram?
Quando plantaram você em mim?
Ou terá sido geração espontânea? 
À medida em que cresço
- para suportar a agonia dos dias perdidos -,
extende-se também o desespero pela sensação de olhá-lo por cima.

Entretanto, muito entretanto,
Não tenho queda para King Kong, senhor
Apesar dos métodos primatas
E da natureza de cobertor em que me transfiguro a cada abraço.

Se é necessário ser diminuto para cabermos em nós,
diga a quem interessar possa
- respeitosamente, senhor -
que está resolvido.

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